Realizada entre os dias 11 a 30 de janeiro, o XII Estágio Interdisciplinar de Vivência e Intervenção (EIVI-Bahia) contou com a participação de duas jovens do Fórum De Comunidades Tradicionais (FCT)
Participaram desse movimento de união e fortalecimento Flavia Ara'i da Silva da Aldeia Itaxí-Mirim (Paraty-RJ) e Raísa de Almeida quilombola do Quilombo Santa Rita do Bracuí (Angra dos Reis-RJ), ambas integram o Núcleo Jovem do Fórum de Comunidades Tradicionais. As duas representantes estiveram todos os dias do processo de formação de política, teórico-prática, baseado no estudo e na vivência em comunidades rurais de movimentos sociais - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Movimento de Pescadores e Pescadoras (MPP) na Bahia.
O envio das representantes do NJFCT é fruto da articulação entre as lideranças comunitárias do mesmo e a Comissão Organizadora do EIV Zona da Mata-MG. O EIVI-Bahia trata-se de uma experiência teórico-prática de formação política e atuação militante, envolvendo uma diversidade de sujeitos desde sua construção até a consolidação final da atividade: povos do campo e da cidade, movimentos sociais, estudantes, profissionais e militantes de organizações políticas distintas.
O estágio é composto por três etapas seguidas entre si: a (capacitação); (vivência) nas comunidades e assentamentos rurais com proposta de intervenção
e a (avaliação) final.
"Bom, quando a gente foi no assentamento, a gente fez uma oficina que teve o encontro dos vários jovens lá no assentamento, aí vieram vários jovens de vários lugares, e aí o pessoal que vieram com a gente fizeram uma oficina sobre drogas, saúde da mulher e saúde do homem. Compartilhei um pouco com eles também e pudemos conhecer novas pessoas, um pouco da luta e como é que eles chegaram a essa terra para ocupar. Chegando na casa da minha família, eles me levaram pra pescar, muito bom! E eles me levaram pra roça pra trabalhar. Trabalhei e gostei bastante! A família tem o tempo deles, o
tempo de trabalhar o tempo do lazer, trabalhei dia sim, dia não.
Vimos um filme (Uma História de amor e Fúria), fala muito da realidade que está acontecendo. Mostramos para os jovens e os jovens ficaram muito felizes, gostaram muito do filme e a agente fez uma conversa depois sobre o filme. A gente conversou sobre o porque é que está acontecendo tudo isso, vários lutadores que já morreram que não são reconhecidos e que a gente fala pra manter o nome dos verdadeiros lutadores como Marielle, Xepexaraju, o indígena que morreu lutando e outros nomes.
E também a gente foi pra escola onde enfrentamos várias dificuldades com a situação da estrada porque tinha chovido muito e ainda estávamos sem energia. Ajudamos, fizemos a limpeza, pintamos a escola, que fica muito longe do assentamento. Da cidade até o assentamento é uma 1:30H. Lá também não tem posto de saúde, tem um posto perto e o médico vai 1 (uma) vez por mês. Fiquei imaginando: E se alguma pessoa passar mal? Pensei muito nisso!
Eu aprendi a fazer o farinha de urucum e também tomei muito suco de cupuaçu, eu gostei muito, tinha muitas coisas produtivas, tinha muito cacau. Estou até pensando em plantar cupuaçu aqui na nossa aldeia em Paraty-Mirim, por que a gente vê coisas que dá pra fazer na hora com as frutas, não sei explicar foi muito bom.
As amizades que eu tive ao longo do tempo que eu passei, as pessoas são muito legais, chegando lá foram muito acolhedores e colaboraram muito e me senti muito bem. Vendo tudo isso ao meu redor, percebi uma coisa. Não devemos lutar sozinhos, porque nosso inimigo é a mesma pessoa! Devemos nos unir! Lutar juntos! Juntos vamos ser mais fortes! Indígenas, Quilombolas, MST, ribeirinhas, Caiçaras e se tiver outros povos tradicionais, fazer a articulação juntos para poder fortalecer o movimento e trazer mais jovens para a luta"
Versão do texto em guaania, transcrito mantendo a identidade linguística do relato da indígena Flávia Ara'i da Silva
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ XII nhemboaty Ha'eGui jaikoa ha'egui intervenção da Bahia. Kova'e ara 11/01 a 30/01/2020 oiko va'ekue ×|| eivi_ Bahia, Ha'e javema mokoī jogueraa.. Núcleo jovem do fórum das comunidades tradicionais pygua Flávia Ara'i da Silva peteī xondaria Oo peteī kunhã Guarani Mbya itaxīmirim, Paraty RJ pygua.. oo avi peteī kunhã Raisa F.de Almeida_ xondaria Raisa ma Quilombola, ha'ema Quilombo Santa Rita do Bracuí, Angra dos Reis pygua.. ha'ekuery mokoī ma jogueraa karãmboe ha'epy Oaxa avã peteī formação de política, onhembo'e ha'egui mba'emo oexa ha'egui oaxa avã Juruá yvy oipotava'e ikuai avi movimento sociais_ nhemboaty omba'eapo vi rurais oguereko ha'e'y yvy (MST) nhemboaty oikoavi ima'ety va'e vi ikuai Juruá kuery (MPA) nhemboaty pira jopoi va'e kuery regua (MPA) na Bahia representante do NJFCT joguerau u liderança kuery omonduka avã mokoī jovem. Comunitárias joaoygua comissão organizadora do EIV zona da ka'aguy_MG O EIVI- Bahia ma oxauka mba'exapa ha'ekuery ikuaia, ikuai axy rei avi, ha'egui ojapo formação política Militares ikuai avi nhemboaty apy oexa avã mba'epa ha'ekuery oaxaa oexa avã Oaxa pa rirema : Campo pygua kuery, tentã py guakuery . Ha'egui onhembo'e va'e kuery. Oikuaa veva'e e militares ojapova'e política distintas Estágio ma oiko mboapy jaxaa kova'ema Ha'e: onhembo'e ha'egui oexa mba'eixapa ha'ekuery reko'i Comunidades e assentamento rurais ojapo proposta de intervenção (Ojapo avaliação) opava'e Porã , roo jave assentamento py rojapo peteī oficina nhemboaty oī apy Reta ikuai kunumingue assentamento py, ouavi kunumingue amboe assentamento Gui Orereve ou ha'ekuery ma ojapo oficina nhandeapo vai va'e regua(droga) kunhã rexaī( saúde da mulher) ava rexaī re ijauu( saúde do homem) Oreau ha'egui roexa ramo ha'ekuery reve rojoguerauu , ha'egui roporandu mba'eixapa ijypy ikuai raka'e, mba'epa ojapo va'ekue ikuai avã assentamento py Avaē ramo xeretarã ropy , ha'ekuery xereraa pira jopoivy , iguto Raí! Ha'erire ma xereraa roxaropy ju ronba'eapo avã avy Raí Amonguē ara ma ndoroi romba'eapovy roxaropy Roexa peteī filme ( história de amor e fúria).ha'ema oexauk… Xembo'e ajapo avã farinha de urucum ha'egui ha'u vaipa suco de cupuaçu, ha'uxevai. Ha'epy ma onhoty rai cacau. Ha'eva'e aexavy anhoty xemavi apy tekoa Paraty_mirim py . Ndaxyi'i raga teīm, Rarema aikovy xeirum reta ma ha'epy iporau meme ramo avy'a rei. Opamba'e axa aendu aexavy ma nda'evei nhande anho'im jalutar avã.. ha'eteīm nhande lutapy joorami ae Aygui nhanhemoirū mba tamora'e Nhanhemoirū mbaramo nhanembaraete verã ! Indígenas, Quilombolas, MST, Ribeirinha, Caiçara.
Ha'egui ikuai veramo jajapo articulação nhanembaraeteve avã. Nhemboaty oī maramo kunumingue retave ikuai avã. Oexa avã mba'eixa ikuai avã raka'e verã Kova'e omombe'u ma mbya Guarani Flavia Ara'i da Silva.
Matéria: Carolina Santos Natividade - Caiçara da Praia da Lagoinha/Peres NJFCT; Fotos: Raísa F. de Almeida (Quilombola) e Flávia Ara'i da Silva (Indígena Guarani Mbya); Tradução: Flávia Ara'i da Silva (Indígena Guarani Mbya).