Comunidades caiçaras de Angra dos Reis e Paraty se unem por acesso à educação
Realizada em Paraty na sexta-feira (04/10), audiência pública reuniu estudantes, professores e lideranças de quase 20 comunidades tradicionais caiçaras de Paraty e Angra dos Reis
Comunidades tradicionais caiçaras de Angra dos Reis e Paraty se levantaram mais uma vez por seus direitos à educação. Em audiência pública convocada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), elas cobraram a implantação do segundo segmento em toda a costeira, mais apoio aos professores e a incorporação dos saberes tradicionais caiçaras ao currículo escolar, entre outras reivindicações.
Entre os encaminhamentos, ficou acertada a formação de um colegiado permanente que será integrado por representantes da Alerj, do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), das secretarias de educação de Angra, Paraty e do Estado do RJ, do Ministério Público e da Defensoria Pública. A missão deste grupo será dar seguimento às reivindicações apresentadas pelas comunidades.
Já a prefeitura de Paraty anunciou, para 2020, a implantação do segundo segmento na Ponta Negra, a criação de uma nova rota para levar estudantes da Joatinga e do Saco das Sardinhas até a escola do Pouso da Cajaíba e a implantação do EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Saco do Mamanguá. Além disso, a prefeitura prometeu regulamentar a educação do campo em Paraty. Já a prefeitura de Angra dos Reis anunciou a realização de um concurso para a formação de professores na Ilha Grande e a construção de uma nova escola no Quilombo do Bracuí.
Convocada pelo deputado Flávio Serafini (PSOL), presidente da comissão de educação da Alerj, a audiência pública contou com a participação de lideranças das comunidades do Pouso da Cajaíba, Praia do Sono, Tarituba, Aventureiro, Quilombo do Bracuí, São Gonçalo, Bananal, Saco do Céu, Prumirim, Ponta Negra, Joatinga, Trindade, Paraty Mirim e Ponta Grossa, entre outras comunidades que lutam há anos por melhores condições de educação.
“Para uma parcela considerável da nossa população, que vive nas comunidades tradicionais, o acesso à educação acaba se restringindo a poucos anos de escolaridade e, ainda assim, desconsiderando os saberes, o conhecimento e a cultura destas comunidades”, destacou o deputado Flávio Serafini. Ele destacou depoimentos dados durante a audiência, incluindo relatos de crianças e adolescentes que disseram acordar às 3h da madrugada só para conseguir chegar à escola.
"Tem parceiros nossos que falam que estávamos em luta a quase 40 anos, pedindo, exigindo, a escola diferenciada. Em 2016 tivemos essa conquista tão merecida e tão importante atendida. A educação diferenciada traz para nós mesmo enquanto caiçaras, qual rumo iremos tomar para a nossa vida", pontua Jadson Santos, caiçara da praia do Sono que luta pela educação diferenciada nas comunidades tradicionais.
Texto: Vinícius Carvalho/Colaborador da Comunicação Popular FCT
Fotos: Ricardo Papu/ Colaborador da Comunicação Popular FCT