Realizado no dia 24 de janeiro, encontro faz parte de uma atividade de campo do magistério indígena e reuniu cerca de 50 pessoas na Terra Indígena Pataxó
"A vinda do nosso povo para essa região tem a ver com a nossa luta pelo direito ao acesso à educação. Lá onde morávamos tínhamos que caminhar 18km para chegar até a escola, sem apoio nenhum e ainda sofrendo ataques dos grileiros de terra. Quando havia ônibus, eram apedrejados, queimados pelos fazendeiros de gado. Pedimos um lugar para viver em paz". Com essa fala de contextualização história do povo Pataxó que vive hoje na região norte de Paraty, no Iriri, Hãgui, cacique da comunidade, recebeu o povo Guarani e parceiros da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS).
O encontro foi realizado por meio de uma atividade que faz parte da programação dos alunos que cursam o magistério indígena. Foi organizado um diagnóstico sobre a situação atual da educação nas diversas terras indígenas da região para que os estudantes, que são todos indígenas, possam compreender e partilhar as demandas, conquistas e apontamentos relacionados ao tema. O magistério indígena é uma conquista recente dos povos Guarani da região e é realizado na aldeia Sapukai de Angra dos Reis por meio do Instituto de Educação de Angra dos Reis (IEAR), da UFF.
A atividade começou pela manhã com uma dança sagrada do povo Pataxó e em seguida a dança do Xondaro foi apresentada pelos Guarani. Na sequência, houve uma roda de conversa em que as lideranças Pataxó compartilharam sobre a história da comunidade, as lutas e os contextos que os trouxeram da região sul da Bahia até Paraty. Em seguida, os Guarani apresentaram um questionário para que pudessem conhecer mais das potencialidades, desafios e ameaças daquele território.
Brasil, terra indígena
"Nós somos os donos dessa terra, e em qualquer lugar do país onde estivermos, nós povos indígenas temos o direito de viver", pontuou Apurinã, uma das lideranças da comunidade. Ele ressaltou o fato de que, sobre todo o território brasileiro, há povos indígenas e que essa migração para outros lugares não deve ser questionada, uma vez que as moradas desses povos guerreiros se dão no local em que estiverem.
A comunidade possui uma organização social fortalecida em suas raízes e seus princípios, uma vez que não há interferência religiosa externa em prol da continuidade das tradições do povo Pataxó. O Turismo de Base Comunitária (TBC) também é uma ferramenta de luta para que eles recebam grupos de escola, pesquisadores e demais interessados em conhecer a cultura por meio do protagonismo indígena.
Texto: Comunicação Popular FCT - Vanessa Cancian
Fotos: Vanessa Cancian
Editoração Eletrônica: Comunicação Popular FCT - Vanessa Cancian