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Mulheres protagonizam o Turismo de Base Comunitária (TBC) do Fórum de Comunidades Tradicionais


Preservar é Resistir - TBC

Caiçaras, indígenas e quilombolas compartilham aprendizados na gestão de iniciativas coletivas e familiares de TBC.

O papel das mulheres como gestoras e protagonistas do Turismo de Base Comunitária (TBC) nas comunidades tradicionais foi tema da Partilha realizada no dia 25 de novembro quilombo do Campinho em Paraty (RJ). A atividade “Turismo de Base Comunitária: A experiência do Roteiro e da Casa de Artesanato do Quilombo do Campinho.”. O encontro que reuniu lideranças de diversas comunidades para partilhar saberes foi promovido pelo Fórum de Comunidades Tradicionais com o apoio do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS).

As representantes do quilombo, anfitriãs da atividade, compartilharam com os presentes suas experiências com o Roteiro de TBC do Campinho que organiza atividades envolvendo guias, griôs, grupos culturais, artesãos e agricultores, além da Casa de Artesanato e do Restaurante do Quilombo. O trabalho articulado pela associação local – AMOQC permite aos turistas vivenciarem histórias, conhecer a cultura, usos associados ao conhecimento da biodiversidade e gastronomia. Juntos os três empreendimentos com gestão coletiva reúnem cerca de 90 pessoas entre jovens, adultos e anciãos.

As comunidades indígena Guarani Mbyá, da aldeia Itaxim de Paraty Mirim e caiçara do Sono também trouxeram suas experiências. As primeiras são artesãs, gerenciam uma casa de artesanato coletiva e fazem o receptivo dos grupos que visitam a aldeia. No Sono os restaurantes, campings e pousada são empreendimentos são familiares, mas um grupo de mulheres acaba de organizar um espaço coletivo de vendas e participar do evento foi uma oportunidade para se inspirar e para conhecer exemplos de gestão compartilhada. Além das bordadeiras uma agricultora responsável pela casa de farinha da comunidade também veio conhecer a proposta de fazer acontecer o turismo que valoriza os saberes e fazeres locais.

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União que fortalece

A metodologia proposta na partilha propôs ao grupo vivenciar um receptivo real organizado pela equipe do TBC do Campinho com estudantes de Niterói. Na avaliação uma característica apontada por todas como diferencial foi a qualidade do acolhimento do povo quilombola.

“A forma como vocês aqui no quilombo falam (para os turistas) é muito segura e isso impressiona”, aponta Ivanildes Kerexu, liderança de Paraty Mirim. Segundo ela, aqueles que vêm de fora querem realmente saber mais das nossas culturas, mas além do conhecimento é fundamental contar com segurança para que o turista compreenda a realidade e o modo de vida tradicional. “Outro aprendizado importante foi notar que as informações dadas pelos griôs que recebem os turistas são confirmadas pelos guias e por todos os demais que conduzem o roteiro, ou seja, o conhecimento é alinhado e transmite também verdade”, completa.

A partilha problematizou aspectos da formação dos guias de TBC, e suas diferenças com cursos de turismo. “Quando comecei a trabalhar com TBC, primeiro fui para o viveiro ali ficava ouvindo a tia Albertina o tio Valentim e aprendendo com as histórias daqui. Não é você falar em formar um monitor, é a sua história, sua vivência, não é nenhuma formação quadrada, a nossa formação é com os mais velhos. Aqui é cada vez mais na prática e com a experiência que a gente aprende”, relata Daniele Elias, que faz parte da coordenação do TBC no quilombo do Campinho.

“Termos uma planilha para mostrar os envolvidos e os resultados à comunidade é fundamental. A cobrança por bons trabalhos é com a gente mesmo”,(não entendi essa parte final) destacou Daniele. A importância da organização dos dados, documentos, números e planilhas para gerenciamento dos grupos esteve entre as pautas apresentadas pela experiência da comunidade anfitriã.

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Ver de perto, acreditar e aprender

“O intercâmbio entre a nossa comunidade do Sono e o Campinho faz com que as pessoas acreditem, é preciso ver pra crer”, disse Rafaela Albino, liderança caiçara que mobilizou a participação da comunidade. “Quando abrimos a nossa casa de artesanato, muita gente começou a frequentar e também a conversar com as artesãs, foi um processo que também elevou autoestima daquelas mulheres por meio de seus trabalhos”, completa.

A partilha permitiu que as mulheres reconhecessem que são maioria quando se trata do TBC nas comunidades tradicionais, pudessem compartilhar vivências, ampliar horizontes e vislumbrar novas possibilidades dentro do turismo como forma de fortalecer a luta pela permanência nos seus territórios, a geração de trabalho e renda, o resgate e a valorização da cultura e o diálogo entre gerações.

Fotos: Augusto Cajú

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