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Quilombo do Campinho e FCT promovem Partilha para inovação do roteiro de Turismo de Base Comunitária


Preservar é Resistir - Oficina TBC Campinho

Realizado nos dias 20 e 27 de agosto, os encontros tiveram como objetivo qualificar roteiros e estabelecer acordos para gestão com participação e protagonismo da comunidade.

Representantes de diversos núcleos familiares, jovens, crianças, mestres e mestras do Quilombo do Campinho se reuniram com colaboradores do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) e do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) durante os dias 20 e 27 de agosto. As atividades tiveram como objetivo partilhar ideias, integrar outros empreendimentos comunitários ao roteiro existente, qualificar e estabelecer os princípios comuns do TBC realizado no Campinho.

“O turista que vem aqui conhece griô, aprende com os guias comunitários, se alimenta da agroecologia, da pesca. Estamos falando de um trabalho que envolve o artesão, o agricultor, os griôs, tradutores, o restaurante e o contato com a natureza, menos impactada”, pontua Vagner Nascimento, coordenador do FCT e do OTSS.

“Estamos num dos melhores lugares do mundo, região linda e por que ela está assim? Porque nós preservamos. Como nos manter nesse lugar sem precisar sair pra fora? Vemos no turismo esse potencial”, disse Sinei Barreiros Martins, diretor da Amoqc. Os participantes dos vários núcleos familiares destacaram de diferentes maneiras a importância do Turismo de Base Comunitária como prática que permite a manutenção da cultura, a garantia do território e a continuidade dos saberes e tradições para as futuras gerações.

Preservar é Resistir - Oficina TBC Campinho

“Queremos que as pessoas aqui tenham tempo de olhar no olho, de conversar pois nossa busca na terra é ser feliz. Estamos trabalhando muito para isso, para que os nossos meninos sejam protagonistas desse processo”, ressaltou quanto a diferença do turismo hegemônico do processo que está sendo construído na comunidade. “Por que é difícil? Porque não tem fórmula, estamos construindo passo a passo. Com as qualidades de cada um podemos escrever uma nova historia na comunidade. Cada um de vocês é muito importante, cada um de nós poderia estar em outro espaço, mas preferimos estar aqui, criar nossos filhos, Estamos juntos aqui porque ninguém é diferente de ninguém”

Passado, presente e futuro

Numa sala que reuniu participantes de várias gerações, histórias foram compartilhadas como ferramenta para ampliar olhares sobre o roteiro de TBC que já está consolidado e abrir novas possibilidades. Os mais velhos e mais experientes na prática destacaram em suas falas as experiencias vividas durante a construção dessa outra maneira de fazer turismo. Cada qual com uma contribuição, as ideias e planos para novos roteiros foram criadas junto a troca de saberes inter geracional.

A juventude presente também participou ativamente da partilha. A cada tema levantado, colocaram suas opiniões ampliando a diversidade de olhares sobre os assuntos discutidos. Entre as pautas colocadas pelos mais novos, a capacitação, o resgate das tradições e o envolvimento de cada vez mais jovens foi pontuada como fundamental para se fazer crescer o TBC e os produtos e processos gerados por essa atividade no quilombo.

“Eu faço a mediação de entender como a comunidade tradicional chega com sua tradição preservada até os dias de hoje em que ao mesmo tempo, o mundo moderno quer nos tirar dessa tradicionalidade”, destaca Laura, colaboradora do OTSS e do FCT e responsável pela área de educação diferenciada e cultura da comunidade. “Nosso desafio é conseguir manter nossos jovens na comunidade, se sentindo valorizados. A nossa política é fazer da nossa organização o nosso modo de vida. Estarmos com um braço aqui, de nos manter arraigado a nossa cultura e o outro braço esta lá fora, brigando por políticas públicas”, finaliza.

Diversidade, patrimônio cultural e agroecologia

“O roteiro que temos hoje possuí duração de de 3 horas. A atividade tem início com a roda de conversa com o griô, passa pelo viveiro de mudas, campo de futebol, núcleo da família Martins, pela casa de farinha e de casa de artesanato”, conta Daniele Alves Elias, uma das responsáveis pelo desenvolvimento do TBC no Campinho e colaboradora do FCT. Atualmente há grande procura de escolas, universidades e demais instituições de pesquisa que buscam conhecer a comunidade por meio desse roteiro.

A oferta de serviços dentro da comunidade é diversa e esteve representada por seus protagonistas. Campings, pousadas, gastronomia, produtos agroecológicos, artesanato e atrações culturais. Após dois dias de atividades intensas foram também levantados diversos atrativos, como a paisagem natural e a troca de saberes, permitindo a comunidade visualizar que produtos e serviços oferecidos e a geração de renda podem crescer ainda mais com o trabalho coletivo e o diálogo entre os agentes.

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